segunda-feira, 16 de maio de 2022

VELOCINO I

para Caetano Veloso

Ele é um gênio
eterno senso de beleza
corre fácil os olhos
pelas folhas todas as certezas
faz tanta coisa pra brilhar-em
outras estrelas

Ele canta as vacas
as profanas
descobertas
o homem em pé
na lua
o menino na rua
ouvindo quase morto
o alto-falante, a Tropicália
o porto
de argonautas
celacanto.

Canta lindo a fé
e os males da Bahia
ele fala até
da seda azul que havia
vê os trens, a ganância
os normais
uns assim, outros iguais a mim
descobrindo à noite
o negror
da pena do pavão

Homem-tambor
antena e motor
retina atenta à luz

Apreendendo o momento
o movimento, a criação
sempre mágico imprime
ao fim da tarde um tom
de jambo, rouge, amora
quando canta se enamora
quase cora
de emoção

Sete, vezes sete mil, vez sete
sob o sol e a lua
a música doce e nua
onda de ternura
pelos campos
miúra apaixonado
em seu espanto
derrubando as cercas
todas as paisagens úteis
precisamos ser trust
precisamos trustes
precisamos ter que confiar

Hah!
E você ainda aí
dizendo shit
inconsolável
censurando a censura

Convencendo o tempo
com uma rima
se queixando às gueixas
às princesas
se entregando
ao vinho ao vício
das paixões
abrindo as portas
as janelas, labirintos

Tecendo o fio íntimo
íntimo entre os silêncios
e os sons

Querendo sem querer
querendo a lua
de outra língua
o brilhos além
shy moon
da lua tímida

Além dos limites da intriga
gossips, no!
Homem-comum

E eu nunca mais
iria terminar
“some may like a soft brazilian singer”.

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